sábado, 27 de outubro de 2012

Lavrador recebeu R$ 300 para ser “laranja” em licitação na prefeitura de Monte Aprazível



Mário Morales Navarro
negou ter participado de licitação
Em depoimento à polícia, o lavrador Mário Morales Navarro, 75 anos, admitiu ter recebido R$ 300 por mês para ser “laranja” do engenheiro José Luís Andreossi em construtora que tem o seu nome. Ontem, ele prestou depoimento na Delegacia Seccional de Polícia de Rio Preto em inquérito que apura suposta fraude em licitação na Prefeitura de Monte Aprazível, que contou com a participação da empresa Mário Morales Navarro em 2009.

A investigação foi iniciada em 2010, quando o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) promoveu uma operação que fechou a prefeitura, apreendeu computadores e documentos, além da detenção de quatro pessoas acusadas de possível envolvimento em um esquema de fraude em licitação. O delegado-assistente Humberto Páscua afirmou que Morales prestou depoimento porque sua empresa foi contratada pelo município por meio de carta-convite.

No início deste ano, o Diário revelou que, na região de Rio Preto, a empresa em nome do lavrador havia executado obras no valor de R$ 900 mil em diversas cidades. Em levantamento feito pela reportagem, a empresa teria executado em Monte Aprazível obra no valor de R$ 58 mil para reforma do terminal rodoviário Fermin Martin. O delegado não confirma oficialmente se esta é a licitação sob suspeita.

Com base no depoimento de Navarro, que o Diário teve acesso, Páscua questionou o lavrador sobre uma licitação na modalidade carta-convite, sob o número 25/09. Navarro negou que a assinatura no recibo da prefeitura fosse sua. O delegado quis também saber sobre o representante legal da sua suposta empresa, que seria o engenheiro Fernando de Lima. O lavrador disse conhecer Lima “apenas de vista”. Ele afirmou que não tinha qualquer ligação com Fabrício Marcolino, apontado como responsável por captar recursos junto ao governo do Estado e deputados estaduais por meio de emendas parlamentares.

Vantagem

O lavrador disse no depoimento que Andreossi pediu para que assinasse documentos abrindo uma empresa em seu nome, para que fosse “laranja”. Navarro afirmou ainda que não recebeu uma “vantagem expressiva” para dar o nome. De acordo com trecho do depoimento, a única vantagem que recebeu de Andreossi foi a casa para morar e R$ 300 mensais. Ele era caseiro do engenheiro.

Na região, o Ministério Público também investiga obras executadas pela empresa Mário Morales Navarro e por construtoras relacionadas a Andreossi e Marcolino, que são réus em ação civil pública proposta em Nhandeara por possível fraude em licitação em Floreal. Em Rio Preto há mais obras sendo investigadas.

O advogado de Andreossi, Márcio Mancilia, negou irregularidades em obras executadas pela construtora em nome do lavrador. “Não existe irregularidade”, disse, ao comentar que Navarro prestou outros depoimentos à polícia com diversas contradições. “Entendo que todos os procedimentos foram lícitos”, afirmou. O prefeito de Monte Aprazível, Wanderley Sant’anna, foi procurado, mas disse que estava atrasado para participar de um sorteio na cidade e não comentaria o assunto.


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