Foto: Guilherme Baffi
Uma das meninas, de 11 anos, está entre as possíveis vítimas do professor, que tem 69 anos |
O inquérito foi aberto depois que uma das crianças, contou para a mãe o que o professor fez durante uma das aulas. “Eu estava dando banho na minha filha e ela me disse que o professor passou a mão nas partes íntimas; que ele ficava se esfregando nela e em mais duas colegas”, afirmou a mãe.
Diante das informações prestadas pela filha, a mãe foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência. O delegado Luciano de Siqueira Bracci registrou o caso no dia 31 de julho, como estupro de vulnerável. O caso foi distribuído à Delegacia de Defesa da Mulher de Monte Aprazível e a delegada Luciana de Almeida Carmo Mancini assumiu as investigações.
“Eu já ouvi as mães e as quatro meninas que teriam sido abusadas. Todas fizeram o mesmo relato. Contaram que eram abusadas dentro da água, durante as aulas. Como o depoimento das meninas foi bastante convincente e todas falaram praticamente a mesma coisa, decidi abrir o inquérito e pedi para intimá-lo. Porém, no dia da intimação ele não compareceu à delegacia”, afirmou a delegada.
No boletim de ocorrência, a mãe contou que o professor passava a mão nas meninas por dentro do maiô e esfregava o pênis nas genitálias das garotas. De acordo com Luciana, familiares do acusado apresentaram um atestado médico, na última sexta-feira, emitido por um hospital de Rio Preto, em que consta “internação por tempo indeterminado”. Com isso, ele ainda não foi formalmente intimado a depor. “Os depoimentos são bastante fortes e contundentes e que ele será indiciado”, afirma a delegada que, por precaução, prefere manter o nome do acusado em sigilo.
Todas as meninas passaram por exame de corpo delito, porém, os laudos ainda não ficaram prontos. “Nenhuma delas relatou atos de conjunção carnal (quando há penetração), apenas atos libidinosos. Mesmo que o laudo de negativo, vamos indiciá-lo, com base nos depoimentos”, explicou a delegada. As meninas também foram encaminhadas para o Conselho Tutelar da cidade. Duas estão sendo acompanhadas por uma psicóloga. O pai de uma das supostas vítimas do professor de natação relatou que a filha, de 11 anos, tem certa deficiência mental e isso teria facilitado a aproximação do acusado.
“Ele se aproveitava dela, já que ela tem deficiência. Ela demorou para me contar. Mas depois que eu fiquei sabendo que a mãe da amiga dela registrou o boletim, eu perguntei e minha filha mostrou em gestos como o professor fazia”, detalha o pai. “A família é muito conhecida na cidade e o meu medo é que isso os deixe impunes. Ele precisa pagar pelo que fez”, afirmou.
Esfaqueado, suspeito ficou internado
O delegado que registrou a ocorrência, Luciano Siqueira Bacci, afirmou que o caso ainda está em investigação. “A tentativa de suicídio em si não é crime, mas nós precisamos apurar em que circunstâncias ele aconteceu. O boletim foi registrado pelo hospital após dois dias da passagem dele pela Santa Casa. Isso também será apurado. Queremos saber por que a família e o hospital demoraram dois dias para registrar o fato”, conta Bacci.
O delegado diz ainda que no boletim consta que o autor/vítima da tentativa de suicídio foi transferido no mesmo dia, terça-feira, para o hospital Beneficência Portuguesa, em Rio Preto. Bacci encaminhou uma cópia do boletim de ocorrência de tentativa de suicídio para a DDM de Monte Aprazível. “A DDM é quem vai investigar se a tentativa de suicídio tem relação com as acusações de abuso”, explica.
Funcionários da Beneficência confirmaram ao Diário que o homem deu entrada na terça-feira e que teve alta na última sexta-feira. O Diário. porém, não conseguiu falar com o médico que realizou o atendimento dele para saber o motivo da internação. O médico Paulo Eduardo Monteiro foi procurado no consultório, mas a secretária informou que ele estava no centro cirúrgico. O provedor da Santa Casa de Monte Aprazível também foi procurado, porém, funcionários informaram que ele não estava e que só estaria no hospital durante a manhã.
Ele é inocente, afirma a filha
A filha do suposto autor dos abusos, que é uma das proprietárias da academia onde o pai leciona natação, informou ontem ao Diário que as denúncias são infundadas e que não há qualquer prova contra o pai. Ela conta que ele não tentou se matar com uma faca, mas que estava com problemas cardíacos, por isso foi internado.
“Recentemente, ele precisou colocar marca-passo e estava muito cansado. Já faz dois meses que ele não entra na piscina para dar as aulas de natação. Essas acusações não têm sentido. Já temos a academia há 39 anos e nunca teve nada disso. A gente tem uma família unida. Isso não passa de difamação”, defendeu.
Repercussão
O clima na cidade é de revolta. No Facebook centenas de moradores publicaram opiniões mostrando indignação. A presidente do conselho tutelar da cidade, Gislaine Marchiori, recomendou aos pais que caso em caso de dúvida, ou se os filhos relatem situações parecidas, entrem em contato com o conselho, pelos telefones (17) 3275.1842 e (17) 98139.0321.
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