O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e o nome identificado como Itamar - que o Ministério Público suspeita ser o deputado estadual Itamar Borges (PMDB) - aparecem como primeiro e segundo colocados no ranking de pagamento de suposta propina encontrada em planilha apreendida com o chefe da Máfia do Asfalto, Olívio Scamatti, preso desde abril acusado de fraude em licitação.
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| Evandro Leal é um dos promotores debruçados sobre a máfia |
O mesmo ocorre com o Itamar citado por Olívio. São 12 menções ao nome que - suspeita-se - seria do deputado estadual do PMDB de Santa Fé em pagamentos que totalizam R$ 267 mil entre janeiro de 2011 e abril de 2013, quando foi deflagrada a operação que desmantelou a chamada Máfia do Asfalto.
Em terceiro lugar aparecem pagamentos identificados como “Olímpia/lixo” que somam R$ 239 mil. O prefeito da cidade, Geninho Zuliani (DEM), diz que não faz ideia do que são as menções a Olímpia encontradas na planilha de Olívio - responsável pela coleta de lixo na cidade por intermédio da empresa MultAmbiental, num contrato de cerca de R$ 2,5 milhões mensais.
Foro privilegiado
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| Monte Aprazível recebeu cerca de R$ 33.600 em propina. |
Procurados pela reportagem, todos os deputados estaduais e federais negaram veementemente o recebimento de valores de Olívio Scamatti e seu grupo - que inclui os irmãos Dorival, Edson, Mauro e Pedro, a mulher Maria Augusta Seller, o sócio Luiz Carlos Seller, além dos lobistas Osvaldo Ferreira, Valdovir Gonçalves, Ilso Donizeti Dominical e Humberto Tonnani Neto.
Todos já foram denunciados à Justiça tanto pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Rio Preto quanto pelo Ministério Público Federal de Jales pelos crimes de fraude em licitação e formação de quadrilha.
Em Rio Preto
Na planilha apreendida pela Polícia Federal em pen drive de Olívio no dia da operação aparecem ainda uma série de pagamentos, que totalizam R$ 150 mil, a pessoa identificada como “Alex/SJRP.” Os promotores do Gaeco João Santa Terra e Evandro Leal vão investigar se o Alex em questão é o ex-chefe de gabinete da Prefeitura de Rio Preto, Alex de Carvalho ou outra pessoa.
Ontem Alex voltou a negar ser ele a pessoa identificada na planilha. “Não vou comentar esse assunto porque esse Alex não sou eu”, afirmou, se dizendo indignado com a suspeita. Outro que, por não possuir foro privilegiado, é investigado pelo Gaeco de Rio Preto por corrupção é o ex-prefeito de Tanabi José Francisco de Mattos Neto. Segundo o documento de Olívio, “Zé Francisco/Tanabi” teria recebido R$ 10 mil em propina.
Ele não foi localizado ontem para comentar o assunto. “Vamos usar todos os meios para identificar quem são essas pessoas”, disse Leal.O mesmo acontece em relação ao ex-vereador de Rio Preto Jabis Busqueti (PTB). Ele, que já foi denunciado pelo Ministério Público Federal de Jales por vaza informações a lobista da máfia, aparece como suposto beneficiário de R$ 15 mil.
O ex-vereador foi denunciado por ter sido flagrado passando informações sigilosas a Osvaldo Filho. Jabis teria usado o sistema da Polícia Civil para levantar a placa de uma viatura fria da Polícia Federal que o investigava. Na planilha consta que Jabis teria recebido a quantia em janeiro de 2011, enquanto o “favor” ao lobista aconteceu já em 2013. ele diz não ser ele o Jabis em questão.
Votuporanga
Quem também é citado nos documentos de Olívio são os vereadores de Votuporanga “Meidão”, “Serginho da Farmácia” e “Jura”, que teriam recebido quantias de até R$ 25 mil do Grupo Scamatti. Meidão admitiu que possui relacionamento com Olívio - “é aqui de Votuporanga” - mas negou ter recebido dinheiro dele. “Não sei o que é isso. Não estou sabendo de nada.”
O mesmo disse o advogado de Olívio, Alberto Zacharias Toron, que não comenta o assunto. “Não posso comentar sobre algo que não tenho conhecimento. Não tive acesso a essa planilha”, disse ele.



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